2009-05-25

Memória


Respondendo a um texto de Nina Horta — “Tiradentes e gafanhotos” — Luiz Henrique Horta publica uma carta, em novembro de 2003, oportuna no seu entusiasmo sincero, para dizer do arrebatamento de “um jovem padeiro, animadíssimo, falando com lágrimas nos olhos, de Poilane, sobre levedura, sobre esta profissão mais bonita que existe”. Prossegue: “Cheio de idéias, querendo fazer uma escola para reciclar os padeiros da região, dando pães novos para as pessoas da cidade conhecerem, numa missão civilizatória, mais do que um negócio”.Marcos Carneiro é o jovem padeiro. E é tão arcaico o seu gosto pelo pão, que ele não sabe dizer quando este nobre alimento lhe interceptou o caminho. Mas foi cedo. Autodidata, portanto, fazendo pão em Ubá, ainda adolescente, era herdeiro, sem sabêlo, da corriqueira formação francesa destes profissionais: a tradição da boulangerie, forjando na cozinha de casa, o gosto pelo pão. Ao talento e vocação, Carneiro agregou formação, aperfeiçoamento e trabalho. Freqüentou a Escola de Gastronomia de Campos do Jordão e cursos de boulangerie e pâtisserie com Giacalone Regis em São Paulo.Inicia-se profissionalmente, com a padaria Amigos do Trigo, em Laranjeiras, RJ. Trabalha, anos mais tarde, com Olivier Anquier, em SP. Em Tiradentes, MG, cria a "Oficina do Trigo escola de fazer pão," como consultor, presta serviços para Padaria Bonomme e Ah! Bon, em Belo Horizonte, MG. É o boulanger convidado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para montar a “O Café Casa Brasil”, em Atenas, nos Jogos Olímpicos de 2004. Trabalha no Carême Bistrô de Flavia Quaresma, no RJ. É responsável pelos pães do Festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Tiradentes, nas suas sete edições e na primeira de Búzios,RJ. Atualmente, residindo no RJ, atua como consultor para restaurantes, criando harmonizações entre pães, pratos e bebidas. Sabe que o pão pode congregar pessoas desde a sua feitura, até o momento em que o compartilhamos a mesa. No projeto "Escola de Fazer Pão," Marcos pretende fazer a semeadura do trigo: plantar junto, colher junto, celebrar junto. Clarice Lispector escreveu assim: pao é amor entre estranhos”. Olhando o percurso do padeiro e, vendo o fascimo de quem prova dos seus pães, de pronto a gente entende a Clance.

Cássia Marins.

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